Maoistas democratas no Nepal

setembro 21, 2015.

Por fim a Assembléia Nacional Constituinte eleita dois anos atrás conseguiu decretar uma nova Constituição que substitui a monarquia hindu por uma democracia secular no Nepal, país com 28 milhões de habitantes nas faldas do Himalaia. Um dos pontos da Carta Magna que maior resistência suscitou foi a divisão do território em sete províncias que descentraliza, em parte, a administração e contradiz velhos feudos enquistados junto ao poder em Katmandu, além de desagradar a alguns grupos étnicos que discordam do método, dos limites e do tamanho dos novos estados. Resta ver qual será a reação do seu gigantesco vizinho, a Índia, com a qual o Nepal possui uma fronteira de 1.800 km de extensão. A maioria da população nepalesa professa o hinduísmo como sua religião e gostaria de ter de volta a monarquia perdida em 2008 quando o rei Gianendra foi deposto pelos maoistas. O povo ainda acredita que o rei é uma reencarnação do Deus Vishnu.

A guerrilha maoista, depois de sustentar violenta guerra civil durante uma década, aceitou depor as armas para transformar-se num partido político. Na verdade surgiram oito agrupamentos políticos no país que se intitulam maoistas, marxistas ou ambos. No Parlamento único de 330 cadeiras, predomina sem maioria absoluta o Congresso Nacional Nepalês com 133 deputados, seguindo-se o Partido Comunista Unificado do Nepal (marxista) com 84, o Partido Comunista do Nepal (maoista) com 83 cadeiras e outros oito com as demais 30 posições. Tanto o Presidente Ram Baran Yadav quanto o 1º Ministro Sushil Kairala pertencem ao centrista Congresso Nacional.  As devastadoras consequências do terremoto de abril de 2015 ainda estão muito presentes no dia a dia da população, mas é a instabilidade política que mais preocupa aos nepaleses que se perguntam até quando os sempre irrequietos blocos comunistas de fato apoiarão a Constituinte democrática que a duras penas aprovaram.

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