Escolha seu vinho branco

janeiro 23, 2021.

Vitor Pinto.

Escritor. Analista internacional, membro da ABS (Assoc. Bras. de Sommeliers-DF.

Caxo de uvas

Foto de Rohit Tandon em Unsplash

Caso você não pertença ao bloco dos que consideram o Chablis como o branco número um na face da Terra e não querem discussão – claro que aceitando como uma categoria à parte os realmente doces, de sobremesa –, eis aqui um conjunto de 43 outras opções que fazem dos vinhos brancos um universo incomparável de sabores e aromas.

A relação, classificada como uma lista para iniciantes ou para apreciadores de vinho com conhecimentos relativamente profundos, é proveniente do site Wine Folly, cujos excelentes textos vez ou outra aparecem como referência aqui nas páginas de Mundo Século XXI.

Leves e encorpados, secos e doces

Leves & Estimulantes

São vinhos secos de corpo leve, que no palato mostram-se elegantes (limpos) e frescos.

  • Albariño (especialidade do norte da Espanha)
  • Aligoté
  • Assyrtiko (a rainha das ilhas gregas)
  • Chablis (uvas chardonnay sem passar pelo carvalho, da Borgonha)
  • Chasselas (uma raridade em termos de prazer, da Suíça)
  • Chenin Blanc – servido dry ou sec
  • Cortese (“Gavi” da Itália)
  • Friuliano (de Friuli, um paraíso italiano)
  • Garganega
  • Grenache blanc
  • Muscadet (o “Melão da Borgonha”)
  • Picpoul de PInet
  • Pinot Blanc
  • Verdejo
  • Verdicchio
  • Xarel-lo (uma raridade direto da Catalunia)

Herbáceos

Vinhos tipicamente de corpo leve com aromas verdes e herbáceos, como da relva, suavemente apimentados. Combinam muito bem com salada e alimentos com legumes.

  • Erbaluce (um achado vindo do Piemonte, na Itália)
  • Grüner Veitliner (uma especialidade austríaca)
  • Sancerre (um Sauvignon Blanc desde o Vale do Loire, na França)
  • Sauvignon Blanc
  • Vermentino
  • Vinho Verde (um blend branco de Portugal)

Encorpados e Secos

Com seu intenso aroma e notas de creme e baunilha assumidas a partir do envelhecimento em carvalho, estes vinhos irão deliciá-lo.

  • Chardonnay
  • Marsanne (uma raridade vinda da França e dos Estados Unidos)
  • Sémillon
  • Trebbiano (ou Ugni Blanc)
  • Viognier
  • Rioja Blanco

Leves e doces

Sempre com uma medida exata de açúcar residual, a partir das uvas, estes vinhos são levemente doces e muito aromáticos.

  • Gewürtztraminer
  • Müller-Thurgan
  • Moschofilero
  • Muscat Blanc (Moscato)
  • Riesling
  • Torrontés

Encorpados e Doces

  • Ice Wine (excelentes vinhos canadenses ou da Alemanha, colhidos a -35º ou 40º
  • Late Harvest
  • Madeira (procure Bual e Malmsey)
  • Malvasia
  • Sauternes Sherry (procure Cream Sherry e PX)
  • Tocaji
  • Vin Santo
  • White Port ou Porto Branco

O envelhecimento do vinho branco

O quadro abaixo fornece uma noção geral acerca das possibilidades de envelhecimento de cada vinho.

No entanto, é preciso lembrar que cada garrafa de vinho é uma individualidade e pode variar seus efeitos para mais ou para menos à medida em que os anos passam, em boa parte devido às suas condições de armazenamento e transporte.

Em princípio os anos de envelhecimento se contam a partir da data de colocação do vinho no mercado, que deve constar no rótulo. Por evidente, imaginar que um vinho feito sem os cuidados necessários ou submetido a agressivas condições de clima ou de estocagem em longas viagens desde a origem, poderá ser mantido pelo prazo máximo aqui estimado na adega de casa numa cidade brasileira, é de um otimismo sem dúvida exagerado.

Por um lado, para quem vive num país tropical, é mais prudente dar um “desconto” nos números de anos aqui estimados, a fim de evitar que seus vinhos se transformem em vinagre. Mas, não há dúvida que aqueles vinhos que conseguem envelhecer compensam essas deficiências, podendo produzir verdadeiras preciosidades.

Por outro lado, vinhos fortificados de sobremesa tendem a envelhecer por muito mais tempo. De fato, alguns dos mais antigos vinhos pertencem a este grupo. Vinhos como Sherry, Madeira e mesmo alguns Marsala são conhecidos por melhorarem em aroma e textura ao longo de décadas.

Escala de vinhos brancos

Características de alguns vinhos

Vinhos brancos não envelhecem tanto quanto os tintos devido a que não fermentam em suas cascas, o que reduz a quantidade de taninos e, em consequência, encurta suas possibilidades e a amplitude de maturação ao longo do tempo.

Muitos brancos carecem, de acidez, um elemento essencial para a conservação e para a sobrevivência em condições saudáveis de todo e qualquer vinho.

Diversos vinhos brancos botritizados como Sauternes, Tokaj e alguns Riesling costumam envelhecer positivamente por mais de 30 anos (vinhos botritizados são produzidos com uvas atacadas pelo fungo Botrytis Cinerea, que aumenta a concentração dos sabores, do açúcar e da acidez).

Vejamos algumas especificidades a respeito de certos brancos aqui citados:

  • Chardonnay – o mais conhecido dentre os vinghos brancos que de fato envelhecem, por conseguirem combinar sua elevada acidez com as condições encontradas no carvalho (processo que adiciona taninos). Quanto mais baixo for o pH, melhor.
  • Sémillon – em geral se apresenta em combinação com a Sauvignon Blanc como um “blend” Típico de Bordeaux. Embora não contribua para a acidez, confere graça e aromas de nozes à mistura final.
  • Rkatsitelli – pouco encontrada fora do leste europeu, esta uva tem todas as condições que exige um vinho para envelhecer.
  • Riesling – é uma campeã alemã como a mais aromática entre os brancos, com uma doçura sutil que melhora com o tempo, quando assume uma coloração amarela com surpreendentes aromas de petróleo.
  • Viura – mais conhecida como Rioja Branca, aos poucos ganha aromas cítricos e minerais que a tornam uma excelente opção para sua adega.
  • Chenin Blanc – vinhos doces do Vale do Loire na França ou na África do Sul, onde se destaca há décadas.
  • Savatiano – é a uva mais cultivada no território grego, com grande variedade que produz vinhos exóticos, herbáceos e com sabores a nozes com a idade.
  • Arinto – possivelmente a rainha dentre os brancos portugueses, apresenta-se numa miríade de estilos. Os melhores vinhos mostram suaves notas cítricas e minerais que se abrem em aromas e sabores de grande riqueza sugerindo mel, cera de abelha e melão à medida que se passam os anos.
  • Gewurtztraminer – lembrada carinhosamente como Gewurz, está entre as brancas mais aromáticas, com seus melhores vinhos lembrando rosas com toques no paladar de damasco, manga, lichia. Originada da pequena Traminer na Itália, adaptou-se muito bem ao Brasil, com bons exemplares produzidos com uvas da Serra do Sudeste em Encruzilhada do Sul pela Casa Valduga e em Dom Pedrito pela Guatambu. De acidez delicada, é típica da Alsácia e de Pfalz na Alemanha.
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