Melhores vinhos de 2019 e a aposentadoria precoce de Robert Parker

janeiro 03, 2020.

O ano de 2019 foi marcado pela já anunciada decisão do grande crítico e metódico analista Robert Parker, de afastar-se do Wine Advocate (RPWA), por ele criado junto com a famosa escala dos 100 pontos que se tornou uma referência para a qualificação de vinhos no mundo inteiro.

Advogado de profissão (só brevemente exercida, pois logo se dedicaria por inteiro à crítica de vinhos), Parker consolidou sua paixão pela área ao visitar a Alsácia no sul da França no final dos anos 1960. Depois de sua primeira publicação - "Baltimore-Washington wine advocate" - em 1978, ganhou fama ao diagnosticar positivamente a safra Bordeaux de 1982 que outros analistas consideravam muito madura. Agora a Michelin (que já adquirira 40% da empresa de Parker dois anos atrás) decidiu comprar 100% das ações da Wine Advocate, cujo capital na verdade pertence a investidores asiáticos (não identificados). A Michelin, que edita seus famosos guias gastronômicos, colocou o Executivo Nicolas Archand como novo CEO da RPWA, mas Lisa Perrotti-Brown, substituta direta de Parker, continua como editora-chefe da publicação.

Melhores de 2019

A lista dos 100 melhores vinhos degustados em 2019 segundo a norte-americana Wine Spectator, principal publicação global do setor, está reproduzida a seguir. Suas análises contemplam quatro fatores de referência: qualidade, preço médio (nos EUA), disponibilidade no mercado e um elemento sensitivo - o prazer de beber o vinho em consideração.

Mundo Século XXI volta a reproduzir a lista completa da Wine Spectator, mesmo sabendo que não passa de uma curiosidade para consumidores brasileiros, pois tanto a disponibilidade quanto os preços dos vinhos correspondem exclusivamente às cotações de momento e ao que é encontrado nas lojas norte-americanas.

A cotação em dólares (nos EUA) dos primeiros dez (4 da França, 3 dos EUA, 1 da Itália, 1 da Austrália e 1 do Chile), p.ex., resulta numa média de US$ 108.50, que se reduz consideravelmente entre o 11º e o 20º, para US$ 44.90 a garrafa. Boa parte dos vinhos selecionados provém da incrível supersafra de 2016. Para os 100 melhores, 2/3 são da França, Itália e Califórnia, mas há uma significativa representatividade de Espanha, da Austrália e do Oregon.

"The best of the year" é o Château Leoville Barton que pertence à família Barton desde o século XIX. Hoje a direção é do patriarca Anthony e de sua filha Lilian. Ao norte de Paris e na margem esquerda do Saint Julien, tem 86% de cabernet-sauvignon e o restante em merlot, devendo ser bebido preferentemente entre 2025 e 2040. Com preço bem mais baixo (US$ 32 a garrafa), a surpresa nos "top five" foi a presença de um chianti, das região do Chianti Classico na Toscana, pertencente à família Martini di Cigala desde 1914. É para beber entre 2021 e 2043. Da América Latina, o Viña Almaviva 2016 do Chateâu Mouton-Rotschield e da Concha y Toro figura em 10º lugar com uma composição de 76% de cabernet-sauvignon e 24% da chilena carmènere em Puente Alto ao sul de Santiago. O maior preço cabe ao Château Pichon Leoville de Pauillac (na 97ª posição) a US$ 197, enquanto o mais barato é o Marchesi di Barolo a US$ 13 (em 50º).

Rank

2019 Wine Spectator Top 100 Wines

Vintage

Score

Chateau Leoville Barton, Saint-Julien

2016

Mayacamas Vineyards Cabernet Sauvignon, Mount Veeder

2015

San Giusto A Rentennano Chianti Classico DOCG, Tuscany

2016

Groth Reserve Cabernet Sauvignon, Oakville

2016