Mulheres etíopes no poder

outubro 28, 2018.

Sahle-Work Zewde, 68 anos, foi escolhida pelo Parlamento, unanimemente, como a nova presidente da Etiópia, devendo exercer o cargo pelos próximos 5 anos com direito a uma reeleição, sempre indireta.

Colocar mulheres no primeiro escalão do governo federal não é novidade nesse país de 96,4 milhões de habitantes. No passado recente tem sido comum a nomeação de ministras e, agora mesmo, o atual Primeiro Ministro Abiy Ahmed, acaba de estruturar seu governo com cerca de metade dos postos entregue a mulheres, que também ocupam vários postos-chave na administração. Entre outras, Aisha Mohammed é a primeira ocupante feminina do Ministério da Defesa e o novo Ministério da Paz, onde estão a polícia e as agências de inteligência, está com Muferiat Kamil.

Tendo por costume falar pausadamente sem levantar a voz, Zewde que nasceu na capital Adis Abeba, fez seus estudos acadêmicos na França (o que é um costume para as famílias da elite etíope) e tem uma longa e respeitada carreira diplomática representando seu país como embaixadora na França, Djibouti e Senegal, além de coordenar as posições nacionais junto à União Africana., onde também atuou em nome das Nações Unidas. Ela tem fluência tanto em inglês e francês, quanto em amharic, formalmente o idioma oficial da Etiópia.

As atribuições da presidente são apenas cerimoniais, de representação nacional, pois o Executivo é comandado pelo 1º Ministro, e em seu discurso inicial ela colocou toda ênfase no empoderamento mulheres, com imediata repercussão positiva junto às organizações feministas no âmbito internacional. Espera-se, ainda, um posicionamento e intervenções mais concretas em relação ao renovado ambiente de violência doméstica que não cedeu após as primeiras medidas tomadas pelo governo de Abiy Ahmed. Na prática a estrutura de comando do governo, que há décadas permanece nas mãos de gente da minoritária etnia tigray - à qual pertence o atual Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde Tedros Ghebreyesus -, não foi ainda modificada. Isto significa que as majoritárias etnias oromo e abissínia seguem sofrendo ativa discriminação, acumulando desvantagens sociais e econômicas numa situação que continua sendo potencialmente explosiva..

Sahle-Work Zewde arrives at the parliament to be elected as the president of Ethiopia in Addis Ababa [EPA]

Sahle-Work Zewde arrives at the parliament to be elected as the president of Ethiopia in Addis Ababa [EPA]

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