Na Praça da Alfândega, a Feira e os ladrões de livros

novembro 17, 2017.

[caption id="attachment_4766" align="alignright" width="300"] moacyr scliar 300x278 O escritor gaúcho Moacyr Scliar, já falecido mas sempre presente na Feira do Livro da Praça da Alfândega em Porto Alegre[/caption]

Em uma terra, e especialmente em uma cidade - Porto Alegre - onde, ao contrário do restante do país, as pessoas leem (!!!), a Feira do Livro 2017 é a costumeira festa da cultura popular em que o "estrangeiro" (mesmo eu que sendo gaúcho há anos vivo em Brasília) espanta-se com as nuvens de jovens, de idosos, de gente de todas as raças e tendências que circulam, alguns alegres e sorridentes, outros circunspectos e muito sérios, mas atentos todos às ofertas e principalmente às novidades expostas pelas ruas de letras em que se transforma a Praça da Alfândega em pleno centro da cidade.

A Feira está ali, na Praça, desde 1955. Já lá se vão 62 anos, imaginem só.

Uma lágrima de saudade se ensaia no cantinho do olho quando vejo a homenagem a meu amigo Moacyr Scliar que faria agora quase oitenta se tivesse conseguido sobreviver mais um pouco como se fazia necessário.

E por fim me delicio com a crônica publicada nesta 6a. feira 16 de novembro nas páginas da Zero Hora, intitulada "Alerta aos ladrões de livros". Uma preciosidade que tomo a liberdade de reproduzir logo abaixo para que meus eventuais leitores a conheçam.

"Alerta aos ladrões de livros (por Antônio Goulart, jornalista)

- Os responsáveis pelas barracas da Praça da Alfândega tomam todos os cuidados, mas os furtadores de livros têm os seus truques -

Época de feira do livro é também época propícia a um tipo especial de ladrão, que não busca uma leitura de graça, mas algum lucro monetário. Os responsáveis pelas barracas da Praça da Alfândega tomam todos os cuidados, mas os furtadores de livros têm os seus truques.

Em artigo recente na internet, um conhecido jornalista deu algumas dicas de como sair com naturalidade de um estabelecimento comercial com um livro debaixo do braço, sem nada pagar. Para ele, o amor aos livros justifica o erro e essa atividade deve ser coibida pelos livreiros com compreensão e até com carinho, pois pode estar ali um futuro e correto cliente. Contam os historiadores que os ladrões de livros já eram uma praga na Idade Média e na Renascença, o que levou o papa Benedito XIV a lançar, em 1752, uma bula segundo a qual esses larápios seriam excomungados. Surgiram na época outras advertências assustadoras, como esta: "O nome do meu senhor acima vês,/ Cuida portanto para que não me roubes;/ Pois, se o fizeres, sem demora/ Teu pescoço... me pagará. / Olha para baixo e verás/ A figura da árvore da forca;/ Cuida-te portanto em tempo,/ Ou nesta árvore subirás."

Na biblioteca do mosteiro de São Pedro, em Barcelona, foi encontrado um aviso ainda mais candente: "Para aquele que rouba ou toma emprestado e não devolve um livro a seu dono, que o livro se transforme em serpente em suas mãos e o envenene. Que seja atingido por paralisia e todos os seus membros murchem. Que definhe de dor, chorando alto por clemência, e que não haja descanso em sua agonia até que mergulhe na desintegração. Que as traças corroam suas entranhas como sinal do Verme que não morreu. E quando finalmente for ao julgamento final, que as chamas do Inferno o consumam para sempre."

Como certas pragas ou maldições não têm prazo de validade e perduram por gerações, é aconselhável que os possíveis candidatos a esses delitos, entre nós, fiquem alertados para o que pode estar à sua espera. Fica o aviso."

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