Merkel depende de aliados para governar (atualizado)

setembro 04, 2017.

[caption id="attachment_4661" align="alignright" width="300"] 04germany master768 300x169 Angela Merkel e Martin Schulz no debate final pela TV, a 3 semanas das eleições federais alemãs de 2017[/caption]

O derradeiro debate pela TV, no último fim de semana, consolidou a vantagem de Angela Merkel do Partido Democrático Cristão (de centro-direita) sobre seu principal adversário, o ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, do Partido União Social Democrática da Alemanha (de centro-esquerda). As pesquisas de opinião já indicavam uma diferença de 17% das preferências populares para Merkel e a avaliação dos resultados do debate público indicaram que 55% dos telespectadores consideraram superior a performance de Merkel contra 35% que opinaram pró-Schulz. Candidatos da esquerda e da extrema direita contam com parcelas irrelevantes do eleitorado germânico.

A atual chanceler defendeu-se de maneira equilibrada dos ataques relativos principalmente à sua política de abertura das fronteiras a migrantes sírios e iraquianos em 2015, ao não rompimento com a Turquia do cada vez mais ditador Recep Erdogan e às medidas realmente necessárias para garantir a segurança do país frente ao terrorismo. "Há momentos na vida de um chanceler em que você tem de tomar uma decisão rápida", disse para justificar suas posições no caso dos migrantes e dos grandes desafios da Europa atual. Quanto aos otomanos, só nos últimos dias é que ela tomou uma posição mais dura devido à prisão de um militante alemão em direitos humanos (Peter Steudtner, detido em Ankara desde 5 de julho junto com Idil Eser, diretora da Anistia Internacional), ameaçando com uma reorientação geral da política alemã em relação à Turquia.

O Münchner Merkur de Munique escreveu que "em um mundo de crescentes incertezas, o povo não sabe o que Schulz deseja fazer, mas sabe o que Merkel pode fazer".

Na eleição marcada para este 24 de setembro será eleito o novo Bundestag, o Parlamento alemão, para os próximos quatro anos. O chanceler será escolhido por maioria absoluta de votos, ou seja, pelo menos 300 das 598 cadeiras em jogo. No pleito de 2013 o PDC de Merkel obteve 311 cadeiras contra 193 dos social-democratas. Cada um dos dezesseis estados que compõem a Alemanha tem representação no Bundestag de acordo com sua população.

ATUALIZAÇÃO

a) RESULTADOS ELEITORAIS DE 2017

A distribuição de assentos no Parlamento já considera as regras seguidas no Bundestag para sua composição final.

  • CDU/CSU com Angela Merkel - 33% dos votos - 246 cadeiras no Bundestag (Centro-direita)
  • SPD com Martin Schulz - 20,5% - 153 cadeiras (Social-democratas)
  • AfD com Alice Weider - 12,6% - 94 cadeiras (Direita)
  • FDP com Christian Lindner - 10,7% - 80 cadeiras (Liberais, pró-livre mercado)
  • LINKE com Dietmar Bartsch - 9,2% - 69 cadeiras (Verdes, à esquerda)
  • B90/GRÜ com Ketrin Goring - 8,9% - 67 cadeiras

c) Governo de coalizão, como sempre

A exigência de alianças para obter mais de 50% das 709 cadeiras existentes no Parlamento não é novidade na Alemanha, pois sempre foi assim. No entanto, a situação mudou. O CDU mesmo junto com os centristas do CSU caiu 8,5% em sua pior performance desde 1949, enquanto seu tradicional aliado no governo, os social-democratas de Schulz recuaram 5 pontos e agora dizem que vão romper sua costumeira aliança com o partido de Merkel que, assim, seria obrigada a se aliar com os liberais do FDP e com os Verdes. Isso viabilizaria precariamente um novo governo com 395 congressistas (55% do total).

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