SÍRIA E RÚSSIA APAGAM HOSPITAL DOS MSF EM ALEPPO

maio 01, 2016.

Enquanto, num esforço desesperado da ONU, as partes estavam reunidas em Genebra na tentativa de costurar uma paz ou uma trégua na guerra que consome a Síria, o presidente Al Assad e as forças russas enviadas por Vladimir Putin aproveitaram-se de que a guarda “inimiga” estava recolhida para desfechar um ataque absurdo e extremamente letal sobre o ponto mais nevrálgico da cidade de Aleppo, principal foco das forças que combatem o regime sírio.

Primeiro algumas bombas foram lançadas sobre casas e edifícios em uma área civil de Aleppo, uma cidade que já teve cinco milhões de habitantes, onde hoje residem apenas 250 mil sobreviventes. O curto intervalo que seguiu apenas permitiu a remoção dos feridos para o hospital al-Quds da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) que é a derradeira referência regional em atendimento pediátrico. Quando todos os médicos e funcionários se concentraram na prestação de cuidados aos novos pacientes, veio o segundo e mais devastador ataque, com dois mísseis que precederam as “bombas de barril”, também conhecidas como bombas de vácuo, de calor e pressão ou termobáricas que ao tingirem o solo liberam uma nuvem de aerossol e centenas de afiados fragmentos metálicos que de maneira indiscriminada atingem as pessoas em volta num amplo raio de morte.

Esses artefatos, por seu imenso poder destruídos e reduzida precisão em relação ao alvo são enfaticamente proibidas como arma de guerra. Perguntado sobre seu uso o presidente Assad respondeu que “bombas são bombas”.

Entre as cerca de 50 vítimas fatais estavam vários componentes das equipes dse saúde e de ajuda humanitária, além de Wasem Maas, o último médico pediatra que, trabalhando sem qualquer remuneração, ainda permanecia no hospital. Passadas outras vinte e quatro horas, uma clínica próxima, para onde haviam sido emergencialmente transportados alguns dos feridos e doentes do al-Quds, também foi bombardeada.

Na verdade, trata-se de uma ofensiva de sírios e russos destinada a retomar o controle de Aleppo mesmo que para tanto seja necessário arrasá-la por inteiro.

O chefe da missão dos MSF no país, Muskilda Zancada, prguntou onde estão as autoridades que se haviam, mais de uma vez, comprometido a não atacar e a proteger as instalações da ONG, classificando a situação como um desastre humanitário sem precedentes. Isto parece o apocalipse, informou ao The Guardian por telefone um vereador da cidade, Bara Abu Saleh, com o ruído de explosões sendo ouvido ao fundo.

De acordo com nota divulgada pelas forças russas que apoiam o regime de Assad, as conversações de Genebra devem ser encerradas em 10 de maio próximo. Há um cessar-fogo em vigência, mas Damasco explicou que não inclui Aleppo, porque lá os rebeldes continuam atuando com o suporte de forças curdas. O resultado, uma instabilidade permanente, tem como efeito – segundo Staffan de Mistura (enviado da ONU), que na Síria um civil é assassinado a cada 25 minutos.

[caption id="attachment_2924" align="alignleft" width="243"]Resultado de bombardeio por forças russas em Aleppo (imagem: www.Torontotelegraph.com). Resultado de bombardeio por forças russas em Aleppo (imagem: www.Torontotelegraph.com).[/caption]

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