Collor, seus carros e a 16ª. fase da Lava Jato

julho 16, 2015.

A 16ª. fase da Lava Jato, denominada de Operação Politeia numa referência à cidade ideal descrita por Platão, nesta 3ª. feira 14 de julho de 2015 pela primeira vez alcançou membros da cúpula política do país. Fora 53 mandatos de busca e apreensão cumpridos por 250 investigadores da Polícia Federal em Brasília e em seis estados (Bahia, Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro). Tratando-se de suspeitos com foro privilegiado a operação teve de ser autorizada pelo STF, uma tarefa que coube aos ministros Teori Zavascki, Celso Mello e Ricardo Lewandowski.

Entre os atingidos estão os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI), o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, o ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC) e o advogado Tiago Cedraz que é filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Aroldo Cedraz. O sócio de Tiago, Luciano Araujo, também foi atingido pelas ações da PF. Todos são suspeitos de recebimento de propina e ligação com os esquemas de corrupção da Petrobrás e tiveram seus nomes revelados no curso dos depoimentos obtidos pelo esquema de delação premiada. A apreensão de bens e ativos de alto valor se justifica pelo fato de que possivelmente foram adquiridos com dinheiro proveniente de prática criminosa.

Uma vez mais a Casa da Dinda, no Setor de Mansões Norte de Brasília, recebeu a incômoda visita dos policiais que, entre outros itens retirou três automóveis de alto luxo pertencentes a Collor: um Lamborghini com valor estimado em R$ 3,2 milhões, uma Ferrari de R$ 1,5 milhão e um Porsche alemão de R$ 480 mil. As máquinas estão registradas em nome de empresas nas quais Collor é sócio e, portanto, não constam em sua declaração de Imposto de Renda. O que sim, consta na declaração de 2014 do ex-presidente que não terminou seu mandato por sofrer o impeachment são quatorze outros carros, todos igualmente de luxo: BMW 760, Ferrari Scaglietti preta, Mercedes E320, Citroen C6, dois KIA Carnival EX3.8, Land Cruiser Toyota, duas Hilux, Hyundai Vera Cruz, Land Rover, Cadillac SRX, Honda Accord, Gol 1.6 Rallye da VW, que em conjunto estão orçadas em R$ 2,4 milhões.

[caption id="attachment_2139" align="alignleft" width="300"]Ferrari aindo da Casa da Dinda emm Brasília (foto: Pedro Ladeira - Folhapress) Ferrari aindo da Casa da Dinda emm Brasília (foto: Pedro Ladeira - Folhapress)[/caption]

As buscas no Rio de Janeiro concentraram-se na residência de Tiago Cedraz e no edifício sede da BR Distribuidora, assim como nas casas de seus diretores José Zonis e Luiz Cláudio Sanches. Em Santa Catarina, tendo a João Pizzolatti como alvo, os policiais entraram em seu sítio na cidade de Pomerode e nas casas em Balneário Camboriú e Penha, no litoral.

No Congresso logo as reações se fizeram sentir, com o presidente do Senado Renan Calheiros reclamando de que a ação extrapolou os limites do razoável e com Fernando Collor invertendo os fatos ao declarar: “Se um Senador da República é tratado assim, imaginem o que será do cidadão comum”, esquecendo-se, evidentemente, de que o cidadão comum não está sendo acusado de corrupção.

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