Crise na Petrobrás: repercussões internacionais - Bancarrotas e a ofensiva do capital chinês (Boletim nº 15, em 26/5/2015)

maio 27, 2015.

Mantendo o seu padrão de acompanhamento regular da crise que envolve a Petrobrás e o governo brasileiro, o The New York Times informou, em nota de Dan Horchapril de 17/4/15 intitulada "Another Petrobras subcontrator files for bankruptcy" (Outro subcontratante da Petrobrás alinha-se para uma bancarrota), sobre o pedido de proteção judicial na tentativa de evitar a falência feito pelo Schahin Group e suas 28 subsidiárias pela impossibilidade de cobrir um rombo de R$ 6,8 bilhões. O caso é mais grave porque entre os seus clientes principais estão o Banco Industrial e Comercial da China, o Mizuho Bank do Japão, o HSBC e o Deutsche Bank. A Schahin seria o 4o. subcontratante da Petrobrás a pedir proteção legal, depois da OAS, Alumini Engenharia e Galvão Engenharia.

De maior repercussão, no entanto, foi a nota do correspondente Simon Romero. de 19/5/15, cujos pontos essenciais podem ser lidos a seguir, sobre os negócios da China.

Chinese plan investments and loans for Brazil (Plano de investimentos e empréstimos chineses para o Brasil)

"Estendendo um salva-vidas à sitiada presidente brasileira, dirigentes chineses anunciaram nesta 3a. feira um vasto plano de investimentos e empréstimos ao Brasil, totalizando dezenas de bilhões de dólares que incluem um controverso projeto de uma estrada para o Pacífico através da floresta amazônica.

Os acordos, anunciados durante a visita do premier chinês Li Kewiang, chega numa hora crucial para a presidente Dilma Rousseff, a qual está lidando com uma economia apática, medidas de austeridade e um colossal escândalo de corrupção envolvendo a empresa nacional de petróleo e seu Partido dos Trabalhadores.

Para algumas empresas estrangeiras, o escândalo de suborno fortaleceu a percepção de que investimentos no Brasil é uma aposta incerta. Mas os bancos e empresas chinesas parecem permanecer otimistas em relação a aumentar sua presença no Brasil com novos acordos em setores como energia, bancos, agricultura. A Petrobrás que está no coração do escândalo deverá obter cerca de US$ 7 bilhões em financiamento chinês. Bancos chineses e brasileiros devem criar um fundo comum de US$ 50 bilhões para investir em infraestrutura no país. - A China está aproveitando o momento para promover seus próprios interesses e diversificar investimentos na América Latina - disse Margaret Myers uma especialista em assuntos chineses do Inter-American Dialogue de Washington.

Alguns projetos anteriormente previstos com capiutais de Pequim não se materializaram. Embora os trabalhos tenham sido iniciados na Nicarágua envolvendo um novo canal financiado por um bilionário chinês, uma estrada para o Pacífico em território colombiano não avançou. O plano para uma estrada transcontinental no Brasil, prevendo a redução de gastos com frete, desde logo suscitou ceticismo e resistências, pois empresas brasileiras tem sido incapazes de levar avante seus próprios megaprojetos, como no caso da Transnordestina, uma futurística estrada no nordeste que foi abandonada após enfrentar uma série de obstáculos financeiros e burocráticos. Mais recentemente os planos para um trem-bala entre São Paulo e Rio para a Copa do Mundo de 2014 foram abandonados nas gavetas. O nobo projeto bancado pela China deve ser construído perto da Madeira-Mamoré, a estrada da morte que um século atrás tentou cruzar Rondônia no boom da borracha amazônica.

Por outro lado, a data da visita de Li Kewiang é uma sinalização dos esforços de Pequim para fortalecer sua posição antes da visita de Dilma Rousseff a Washington acertada para o próximo mês."

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