Caos na Líbia é discutido em Genebra

janeiro 14, 2015.

As reuniões que a partir desta 4a. feira se realizam em Genebra são consideradas como uma das últimas chances para que a Líbia escolha um caminho que impeça a definitiva instalação do caos e da barbárie que hoje predominam.

A queda de Muammar Khadafi, três anos atrás, deixou uma grande quantidade de grupos armados que, organizados em milícias, passaram a vender seus serviços a quem melhor as remunere e a aterrorizar a população, agindo sem qualquer controle por parte de um governo na prática inexistente.

Em junho último eleições nacionais resultaram na vitória de liberais federalistas que constituíram uma Assembléia -a Casa dos Representantes -, mas dois meses depois grupos islâmicos minimamente organizados na chamada Operação Aurora ocuparam a capital Tripoli, forçando os membros do governo que fora internacionalmente reconhecido a fugir para o leste, instalando-se na cidade de Tobruk.

Agora a Suprema Corte com sede em Tripoli sob o domínio dos muçulmanos, declarou ilegal o Parlamento que funciona em Tobruk. Este, por sua vez, comunicou que não reconhece a Corte e muito menos o Congresso Nacional Geral de base islâmica que quer substituí-lo e comandar o país desde o tradicional edifício do Legislativo na capital.

Em Benghazi, a segunda cidade do país, há conflito permanente entre forças pró-governo e os grupos islâmicos. Desde a ofensiva militar "oficial" lançada há três semanas na tentativa de recuperar o controle da nação fazendo valer o veredicto das urnas de junho, estima-se que pelo menos 230 pessoas morreram. A situação econômica, já precária, sofreu um severo golpe com o ataque de grupos tribais ao maior campo petrolífero líbio, El Sharara, forçando a interrupção da produção. As autoridades dizem que podem reabri-lo, mas só depois de resolver o conflito com as tribos e as milícias.

No empobrecido sul, a tomada de Trípoli produziu o seu isolamento e corte dos alimentos, materiais de consumo e de fundos profvenientes do Banco Central que eram fornecidos e operados pela administração hoje por seu turno ilhada em Tobruk. A Líbia está à beira de se transformar em um estado falido, esquecido pelo restante do mundo apesar de suas imensas reservas petrolíferas e de ser uma porta da África para o Ocidente.

A iniciativa de reunir as facções rivais em Genebra é do representante especial da ONU na Líbia, Bernardino Leon, como informa a rede Al Jazeera. Federica Morgani, chefe de política externa da União Europeia declarou que esta é uma oportunidade que os líbios não podem deixar passar, pois não há perspectiva de que outra igual se produza no futuro.

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