Acordo entre Nigéria e Boco Haram fracassa

outubro 18, 2014.

O presidente nigeriano Goodluck Jonathan, que neste fim de semana anuncia sua disposição de concorrer a um segundo mandato de quatro anos nas eleições de 2015, conseguiu firmar um acordo com o grupo islâmico Boko Haram (significa "A educação ocidental é um pecado") que inclui a libertação em data a ser estabelecida de 219 meninas com idades entre 7 e 15 anos que o grupo terrorista raptou em um internato na cidade de Chibok, estado de Borno, em 15 de abril último. Desde então o exército e a polícia nacionais com forte apoio de Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Israel foram incapazes de encontrá-las. Outras 89 garotas conseguiram fugir por conta própria. O Boko Haram é um ramo da Al Qaeda que acaba de implantar um Califado (da mesma forma que o ISIL no Iraque) a partir da cidade de Gwoza, firmando com isso seu domínio praticamente sobre todo o estado de Borno e dos vizinhos Yobe e Gombe no nordeste da Nigéria, fronteira com Camarões e Chade onde também atua. O Califado é sinônimo de implantação rígida da Sharia.  Normalmente ao tomar uma localidade a população é dizimada, enquanto as mulheres - que não podem frequentar escolas nem sair à rua sem autorização - são destinadas à reprodução e a trabalhar como criadas.

A Nigéria, na África ocidental, é o mais populoso país do continente com 160,6 milhões de habitantes, metade dos quais são muçulmanos que vivem basicamente no norte do país. Os 41% que são cristãos (católicos e protestantes com 15% cada e os demais distribuídos por outros ramos) ocupam o sul do país onde está Abuja, a capital. A emergência contra o ebola, recentemente declarada, pode ter sido, paradoxalmente, um fator decisivo para apressar o acordo com um dos mais radicais movimentos islâmicos em atuação na África atual.

No último dia de outubro de 2014, no entanto, Abubarak Shekau, líder do Boko Haram negou a existência de qualquer acordo com o governo de Goodluck. Anteriormente ele havia dito que as 219 garotas iam ser vendidas como escravas sexuais, mas agora informou que elas haviam se convertido ao Islam e se casado. "Elas estão agora nas casas de seus maridos". Ao mesmo tempo reiterou as acusações de ilegitimidade do governo nigeriano, prometendo continuar a luta para derrubá-lo.

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