Tuaregs, o povo do Saara

setembro 23, 2014.

Na África Ocidental os Tuaregs (ou Tuaregues) continuam sua luta pela independência. Povo nômade de pastores, descendente dos bérberes do norte, vive no Saara e no Sahel há séculos, espalhando-se pelas areias do Mali, Niger, Burkina Faso, Lìbia e Argélia (os três primeiros costumam liderar as estatísticas das mais miseráveis nações do globo).  O Movimento Nacional de Libertação do Azawad chegou a declarar a independência da região do Azawad ao norte do Mali em 2012, mas sem qualquer reconhecimento internacional no ano seguinte a iniciativa fracassou.

Seguindo a tradição de buscar trabalho nos países vizinhos, milhares de tuaregs terminaram por reforçar as milícias de mercenários que até 2011 protegeram o ditador líbio Muammar Khadafi e seu governo. Quando Khadafi foi assassinado, não tiveram outra opção senão a de voltar com suas armas para a terra de origem, no Niger e no Mali, mas ai só encontraram miséria, fome e a seca interminável. Retomaram, então, a luta pela pátria independente . Contudo, já não estavam sós. Emergindo do inferno líbio, igualmente armados até os dentes e mais radicais,  militantes da facção Al-Qaeda do Magreb Islâmico estavam em busca de espaço e de riqueza. Inicialmente guerrearam entre si, mas sendo o lado mais fraco os tuaregs terminaram aderindo aos jihadistas, que de imediato procuraram relegá-los a uma posição secundária.

Duramente combatido pelas tropas francesas, este ano o movimento separatista firmou um acordo de paz. A presença da França no conflito tem, também, o objetivo de preservar a Areva, multinacional gaulesa que é líder mundial na produção de urânio com base na exploração das minas do Niger. Estima-se que a cada ano a Areva exporta cerca de 115 mil toneladas métricas de urânio do Niger faturando pouco mais de 3,5 milhões de euros, mas pagando em impostos apenas 460 milhões de euros, ou 13% do total. Gozando de fartas isenções fiscais e contando com a corrupção dos agentes nacionais, na prática ao enriquecimento da multinacional francesa correspondeu a manutenção do povo nigeriano no mais absoluto abandono e pobreza.  Os tuaregs têm, hoje, como uma de suas principais bandeiras de luta um acordo justo de exploração do minério, com remuneração adequada para o estado do Niger e distribuição dos lucros em benefício direto da população.  Há poucos dias, após um longo período de discussão, finalmente um novo contrato foi firmado entre as duas partes, esperando-se que de fato reduza as vantagens até aqui concedidas à empresa francesa e traga mais esperança para o povo que depende dessa que é de longe a maior fonte de recursos  para o seu país. Conheça um pouco mais da etnia tuareg, clicando na seta para abrir a incrível sequência de slides produzida pela rede Al Jazeera,

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